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17/01/2019

Especialistas se reúnem com moradores para detalhar investigação sobre rachaduras no Pinheiro, em Maceió

Especialistas se reúnem com moradores para detalhar investigação sobre rachaduras no Pinheiro, em Maceió

Representantes do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Defesa Civil nacional, estadual e municipal se reuniram na manhã desta quarta-feira (16) com uma comissão de moradores do Pinheiro para detalhar as ações que estão sendo feitas para identificar as causas das rachaduras que apareceram no bairro do Pinheiro, em Maceió.

 

Segundo a Defesa Civil Municipal, 777 imóveis no bairro estão na área vermelha e 50% das famílias que moram nesses locais já foram retiradas.

 

"Nós vamos tirar as outras [famílias]. As outras que estão na área vermelha, mas não têm fissuras, vamos nos unir aos órgãos públicos para realizar a evacuação preventiva até que os estudos sejam concluídos, para que tenhamos segurança", disse Dinário Lemos, coordenador do órgão.

 

O pesquisador e geólogo Thales de Queiroz Sampaio, disse que o CPRM já visitou 1638 municípios em todo país. Segundo ele, nenhuma análise já feita se assemelha com o caso do Pinheiro.

 

"Quando chegamos num local desses, a gente consegue verificar a situação, como resolver o risco, fazer obras, serviço social, evacuação. Em Maceió, a complexidade do problema é bem diferenciada. Embora tenhamos trabalhado muito fortemente em todo o ano passado, ainda não temos as causas dos efeitos que a gente enxerga em superfície", afirma.

 

O geólogo explicou ainda que será necessária uma análise mais profunda do subsolo da região. "Em abril de 2012 estivemos em Maceió mapeando as áreas de risco, registrando 26 setores de risco e movimentação de massa na capital. Ainda não entendemos as variáveis. São muitas, complexas. Os métodos de investigação exigem a análise do subsolo. No Pinheiro, temos que fazer uma tomografia, ir lá no fundo, para entender as variáveis", diz.

 

 

Mapa mostra as áreas afetadas pelas rachaduras no bairro do Pinheiro, em Maceió — Foto: Reprodução/Serviço Geológico do Brasil

Mapa mostra as áreas afetadas pelas rachaduras no bairro do Pinheiro, em Maceió — Foto: Reprodução/Serviço Geológico do Brasil

 

"Um estudo que vai ser feito é a perfuração de poços para monitoramento. A gente tem que entender o sistema aquífero, o Barreiras e o Marituba. A Casal explora Maceió inteira. Como o sistema Mundaú alimenta o sistema? Isso que vamos entender. Uma equipe fará a medição periodicamente, e teremos as respostas em dado direto, não em dado secundário", reforça.

 

O pesquisador disse ainda que a foz do Rio Mundaú será estudada. "A lagoa está ajustada a uma falha de barreira, no Mutange. Uma equipe está fazendo a batimetria, o estudo do fundo da lagoa, com barco e sonar, fazendo esse estudo. A ANA [Agência Nacional de Águas] fez um em 2000. De qualquer maneira, qualquer processo, reflexos na borda da lagoa já deviam estar visíveis há muito tempo".

 

O engenheiro civil Rafael Machado, da Defesa Civil Nacional, diz que é preciso ter cuidado com as informações divulgadas pelas redes sociais.

 

"Estamos diante de um cenário complexo.Todas as informações disponíveis foram apresentadas. Tem muitas informações falsas circulando pelas redes sociais que causam pânico. Pedimos responsabilidade, antes de divulgar alguma coisa, cheque se é verdade. Estamos trabalhando na formação de canais de comunicação. Foram criados grupos de mídia social coordenados pelo órgão oficial, tem o site oficial com informações sobre o episódio", afirma.

 

Nesta quarta, o Ministério Público Federal (MPF) disse que estuda a possibilidade da quebra de sigilo nas investigações sobre as rachaduras do bairro do Pinheiro.

 

Rachaduras têm surgido em ruas e imóveis desde o início de 2018, após um período de fortes chuvas, seguidas de um tremor de terra.

 

Na última sexta (10), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou que o Governo Federal adote ações necessárias para agilizar a identificação das causas das rachaduras.

 

 

Reunião detalha as ações em andamento sobre rachaduras no Pinheiro — Foto: Derek Gustavo/G1

Reunião detalha as ações em andamento sobre rachaduras no Pinheiro — Foto: Derek Gustavo/G1

 

Reportagem Completa em: G1


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